Influência do balanço hídrico no pós-operatório de cirurgia cardíaca

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2017
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Resumo
Introdução: A cirurgia cardíaca é um procedimento complexo que implica em alterações de vários mecanismos fisiológicos. A sobrecarga hídrica ocorre prontamente no âmbito da cirurgia cardíaca em função da alteração da função contrátil do coração (cardioplegia), assim como pela infusão de hemoderivados e estratégias liberais de infusão de volume. A porcentagem de sobrecarga hídrica (Percent of Fluid Overload - PFO) tem sido considerada um novo biomarcador associado a aumento da mortalidade do paciente crítico, aumento do tempo ventilação mecânica, internação na UTI e insuficiência renal. Objetivos: Avaliar a influência do balanço hídrico nos desfechos clínicos de pacientes em pós-operatório de cirurgia cardíaca. Métodos: Estudo observacional retrospectivo realizado no período de maio a novembro de 2016 na Unidade de Terapia Intensiva Coronariana (UCA) da Fundação Hospital de Clínicas Gaspar Vianna (FHCGV). Foram registradas variáveis demográficas (nome, sexo, idade e outras), comorbidades associadas, tempo de ventilação mecânica, balanço hídrico diário da internação na UCA até alta ou óbito, débito urinário. Aplicação do EuroScore (sistema de estratificação de risco que avalia a mortalidade predita do paciente candidato a cirurgia cardíaca), SOFA (Sequential Organ Failure Assessment Score), AKIN (Acute Kidney Injury Network) e KDIGO (kidney Disease Improving Global Outcomes). Foi realizado estudo destas variáveis de acordo com o percentual de sobrecarga hídrica ( Percent Fluid Overload -PFO) considerando como ponto de corte o valor de 10%. Resultados: Sessenta e cinco pacientes participaram da pesquisa. A mortalidade encontrada foi de 9,2% (n=6). Houve predominância de homens com 69.2% (n=45). A idade média foi de 58.7 + 15.5, com 36,9% (n=24) na faixa etária de 61 - 70 anos. O Tempo de internação de 6.9 + 5.6 dias. O EuroSCORE baixo risco (69,2%/ n= 45) foi predominante. Não houve significância estatística entre o número de pacientes que apresentaram PFO <10% aqueles com >10%, respectivamente 49.2% (n=32) e 50.8% (n=33). Todos os óbitos foram de pacientes com PFO>10%., Não houve diferença significativa em relação ao tempo de de ventilação mecânica (4,5 horas x 8,5 horas: p=0.4697 ), tempo de internação (8 dias x 8.6 dias; p= 0.3612) e injúria renal aguda, 60% (n=39) dos pacientes foram classificados em algum estágio de AKIN/KDIGO, 22,6% (n=7) em estágio 3 encontravam-se com PFO >10%. O SOFA teve valores mais elevados naqueles com PFO >10% (admissão - 5,6; 24h- 4,3; 48h - 4.5;72- 4.8) quando comparados aqueles com PFO < 10% (admissão - 4,9 ; 24h-3,9 ; 48h -3,7;72 -3,3), no entanto não houve significância estatística na amostra estudada (p=0,3961). Conclusão: A sobrecarga hídrica (PF0>10%) teve associação com mortalidade, estando presente na maioria dos pacientes que evoluíram a óbito, Evidências apontam para pior evolução nestes pacientes. Mais estudos locais são necessários para avaliar a importância de estratégias mais criteriosas e restritivas de infusão de fluidos.
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Palavras-chave
Balanço hídrico; Cirurgia cardíaca; Unidade de terapia intensiva.
Citação
FEIO, Diego Felipe Silva. Influência do balanço hídrico no pós-operatório de cirurgia cardíaca. Artigo Científico (Programa de Pós-Graduação e Residência Médica em Medicina Intensiva) – Fundação Pública Estadual Hospital de Clínicas Gaspar Vianna. Belém, 2017.