Navegando por Autor "REIS, José de Arimateia Rodrigues"
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- ItemDificuldades relacionadas ao enfrentamento da doença em pacientes cardiorrenais: uma experiência da residência em psicologia num hospital público(2018) MIRANDA, Ivaí Malheiros; REIS, José de Arimateia RodriguesIntrodução: No contexto mundial e brasileiro as doenças cardiovasculares e renais caracterizam-se como um problema de saúde pública, pelo alto número de pessoas acometidas e o alto custo que os seus tratamentos exigem. No momento em que a disfunção cardíaca aguda ou crônica propicia a disfunção renal aguda ou crônica, caracteriza-se a Síndrome Cardiorrenal, sendo que este processo também pode acontecer de forma inversa. O tratamento dessa doença é complexo, com dietas, ampliação de repertório de hábitos de vida saudáveis, medicamentos, exames invasivos e nos casos mais agravados há a necessidade de se realizar hemodiálise e procedimentos cirúrgicos. Compreende-se que realizar o tratamento de forma eficaz requer do paciente e por vezes da família, uma série de estratégias de enfrentamento que contribuam significativamente para este processo de cuidado, visto que o mesmo se configura como uma situação de estresse, e tem implicações diretas no planejamento de vida traçado pelo sujeito, ao ter que deparar-se constantemente com vários sentimentos e emoções que não propiciam a saúde do paciente. Objetivo: identificar as principais dificuldades que se fazem presentes nos pacientes quando vivenciam o tratamento da Síndrome Cardiorrenal. Metodologia: trata-se de um estudo com enfoque no método qualitativo, de cunho descritivo, na qual participaram 3 pacientes entre 18 de 59 anos, acometidos tanto por uma DC quanto DR, internados na Fundação Hospital de Clínicas Gaspar Vianna, no setor de clínica médica. Os dados foram coletados dos prontuários e por entrevistas semi-estruturadas. As falas dos participantes foram analisadas pela técnica de Análise de Conteúdo de Bardin (2006). ANÁLISE DE DADOS E DISCUSSÃO A partir da coleta de dados emergiram três categorias 1) Aspectos preventivos quanto à saúde trata sobre o acesso ao serviço de saúde, a organização da rede, o perfil dos pacientes atendidos pela rede de saúde, entre outros; 2) Dificuldades relacionadas ao tratamento destaca-se os impasses e complicadores existentes para a realização do tratamento eficaz, como condição socioeconômica, moraria, cultura, concepção de sujeito de direitos, entre outros; 3) Sentimentos e significados relacionados ao enfrentamento do adoecimento tais como, angústia, medo, raiva, culpa, baixa autoestima, perda de função social, ansiedade, entre outros. CONSIDERAÇÕES FINAIS através da pesquisa pode-se concluir que a prevenção não está sendo realizada de forma adequada nos serviços de saúde, gerando agravamento da cronicidade dos pacientes. Salienta-se que a questão de os pacientes morarem longe do serviço de referência prejudica o seu acesso e permanência no tratamento, gerando dificuldades para ele e para o cuidado da equipe. Considera-se que as dificuldades e os sintomas emocionais e subjetivos que estão relacionados a doença, também se caracterizam como impasses para o tratamento eficaz.
- ItemDiscursos de usuários do SUS sobre a integralidade do cuidado em rede num hospital público em Belém - Pará.(2014) REIS, José de Arimateia Rodrigues; PIANI, Pedro Paulo FreireNeste estudo foram analisados discursos de usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) atendidos num hospital público em Belém-Pará, focalizando o sentido atribuído por estes ao cuidado integral em rede. O hospital foi o local de referência para esta pesquisa, mas o enfoque incluiu também as práticas discursivas dos usuários sobre experiências e percursos dentro da rede de saúde, considerando que acessaram vários outros locais ou serviços de saúde, antes e depois de sua passagem pela unidade hospitalar. A abordagem metodológica utilizada foi a do construcionismo social, no qual são buscados os sentidos dos discursos dos usuários dentro de uma relação dialógica e compartilhada, com posicionamentos tanto do usuário-participante quanto do pesquisador, resultando em uma interação na produção dos sentidos discursivos. Já a concepção teórica das práticas em saúde foi pautada na intersecção entre a psicologia social e a saúde coletiva, a partir da adoção de noções como práticas discursivas e integralidade do cuidado em rede. A pesquisa foi realizada em um hospital público onde o pesquisador atua como psicólogo, e contou com a participação de cinco usuários, em algum momento atendidos nesse hospital, mas que também haviam acessado outros serviços da rede de saúde. A coleta de dados se deu através de entrevistas semiestruturadas gravadas, transcritas e analisadas com referência em três categorias identificadas na produção discursiva dos sujeitos. 1) Sofrimento e crise do usuário. 2) Acesso e trajetória na rede de saúde. 3) Posicionamentos sobre as práticas de cuidado integral. Os sentidos dados pelos participantes à integralidade do cuidado obtido na rede de saúde sinalizaram aspectos facilitadores e dificultadores convivendo lado a lado nas práticas em saúde. Viu-se por um lado usuários vinculados aos serviços do SUS, enaltecendo as equipes e os profissionais de saúde por quem foram atendidos, com sentimentos de gratidão, reconhecimento, afetividade, amizade e solidariedade. De outro modo, surgiram vários relatos de deficiências do sistema de saúde, no acolhimento, no vínculo, no referenciamento a outras unidades, no acesso difícil, na descontinuidade dos tratamentos, na demora por exames e consultas, na ausência do diagnóstico de doenças gerando baixa resolutividade da assistência, no não atendimento às demandas dos usuários potencializando dor, sofrimento, medo, revolta, indignação e exclusão. Ao analisar a diversidade de sentidos e relações que emergiram da perspectiva dos usuários, chegou-se necessariamente à reflexão quanto às questões institucionais, políticas e governamentais envolvidas por detrás dos processos de trabalho e das práticas em saúde, marcando aqui um lugar social, político, histórico e epistêmico de reflexão crítica e contribuição teórica para a mudança dos modelos vigentes na saúde pública e no SUS. Concluiu-se então que as questões de saúde-doença seguem permeando a vida através do campo da saúde, produzindo sujeitos e subjetividades pautadas ainda no paradigma biomédico, no qual frequentemente o sujeito de direitos sequer consegue ter reconhecido os seus problemas e suas opções, para poder exercer o seu direito de escolha.
- ItemEstratégias de sobrevivência e movimentos de vida: práticas de redução de danos e autocuidado no discurso de pessoas que usam drogas em situação de rua em Belém/PA.(2021) REIS, José de Arimateia Rodrigues; PIANI, Pedro Paulo FreireNesta pesquisa, buscou-se analisar os discursos de pessoas que usavam drogas em situação de rua na cidade de Belém/PA, as suas práticas cotidianas de sobrevivência realizadas nos espaços urbanos, e em relação à utilização das estratégias para a redução de danos e o autocuidado nas ruas, e em possíveis interfaces com as políticas públicas à procura de ações governamentais, ou na busca de novas possibilidades de vida na complexidade da cidade, verificando-se quais formas particulares de produção de movimentos de vida são possíveis no uso de drogas a partir de contextos de situação de rua. Para tal, fez-se antes uma discussão de algumas das relações entre o modelo de sociedade contemporânea e as possíveis influências associadas à ocorrência dos fenômenos do consumo de substâncias psicoativas e das situações de rua, as quais são frequentemente aproximadas entre si na literatura especializada, e creditados à vulnerabilidade social, à marginalização ou aos estigmas sociais diversos, aliados ainda às práticas proibicionistas e às diferentes formas de governamentalidade. Discutiu-se, também, sobre quais práticas de resistência seriam possíveis às estratégias de dominação e de controle das produções de subjetividade e de sobrevivência nos cenários urbanos, aos potentes e poderosos discursos vigentes, aos muitos estigmas existentes e às políticas geradoras de desigualdades largamente adotadas. Travou-se, por outro lado, o debate sobre as políticas públicas de drogas e da população em situação de rua, bem como acerca da estratégia de redução de danos em suas características e sobre o seu surgimento entre nós e em outros países, além das possibilidades de autocuidado nas ruas pelas pessoas que utilizam substâncias, por meio de seus modos de circulação na cidade, nas modalidades próprias de sobrevivência engendradas e/ou nas formas particulares de produzir movimentos de vida. A pesquisa se fundamentou no método de análise das práticas discursivas e na escolha do campo-tema pessoas que usam drogas em situação de rua, com o intuito de contribuir para ampliar o escopo da psicologia social no estudo de temas atuais relevantes, procurando situar as complexas e as contraditórias relações entre o uso de drogas, a redução de danos, a política de drogas brasileira e as políticas públicas de cidadania e garantia de direitos. Constatou-se no estudo que as pessoas que faziam uso de drogas e viviam nas ruas de Belém/PA possuíam estratégias peculiares de sobrevivência, de relação com os espaços urbanos e dos cenários de uso da cidade, às vezes, mostrando expressiva capacidade de autocuidado, até chegando a praticar estratégias de redução de danos de forma espontânea ou intuitiva nas ruas. Apareceram, ainda, certas interfaces com as políticas públicas, principalmente, de saúde e assistência social, na procura e/ou no encontro eventual com algumas modalidades de tratamento de doenças, assim como do cuidado pela redução de danos ao uso de substâncias, mesmo durante o uso problemático, e em circunstâncias sociais muito adversas, não somente em meio às narrativas de extrema privação de direitos nas ruas da cidade, mas também de enfrentamento das vulnerabilidades, como possíveis resultados de opções de vida ou escolhas próprias. Surgiram nos relatos dos participantes circunstâncias relacionadas a uma espécie de exaustão atingida nas diferentes trajetórias pessoais que os levaram ao uso de drogas nas ruas e aos desejos frequentes de sair de tal condição, culminando em movimentos de mudanças de vida por parte de algumas das pessoas entrevistadas, geralmente, após longos anos de uso de substâncias e uma permanência significativa em situação de rua.